Comunidades tradicionais são grupos humanos que têm uma relação histórica e duradoura com um território específico, onde compartilham modos de vida, conhecimentos, práticas culturais e valores transmitidos ao longo de gerações. Essas comunidades costumam viver em áreas rurais, florestas, savanas, litorais ou outros ambientes naturais, e desenvolveram uma profunda interdependência com o meio ambiente em que se encontram.
As comunidades tradicionais brasileiras desempenham um papel fundamental na riqueza cultural e na diversidade do país, sendo representativas de uma multiplicidade de grupos étnicos, culturas e modos de vida. Essas comunidades são um tesouro vivo de conhecimentos, práticas e tradições que enriquecem a identidade nacional e contribuem para a preservação da biodiversidade.
Povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, caiçaras, faxinalenses, entre outros, muitas vezes vivem em áreas de grande valor ambiental, como florestas, rios e litorais. Sua subsistência e sua cultura estão intrinsecamente ligadas a esses ambientes; em seu profundo respeito pela natureza, as comunidades tradicionais adotam práticas sustentáveis de manejo dos recursos naturais.
Outro aspecto notável é a diversidade dessas comunidades, criando um mosaico cultural rico e variado em todo o país, motivo de orgulho e fascínio para todos os brasileiros. Cada uma delas apresenta um modelo próprio de organização social, costumes, rituais religiosos e crenças, entre outras características.
Infelizmente, as comunidades tradicionais também enfrentam desafios significativos, como o aumento do interesse econômico por suas terras e seus recursos naturais, a perda de tradições devido à influência da cultura dominante, e a falta de acesso a serviços básicos como educação e saúde. É crucial que o Brasil reconheça e respeite os direitos dessas comunidades, garantindo a proteção de suas terras e culturas, bem como conte com apoio para o desenvolvimento sustentável de suas comunidades.
Em 2007, o Ministério do Meio Ambiente instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – PNPCT com o objetivo de fortalecer, garantir e reconhecer os direitos desses indivíduos sobre seus territórios e suas culturas.
Apesar de as políticas públicas sociais intervirem de certo modo nas ações externas que afetam a continuidade das comunidades tradicionais, os indivíduos que as integram entenderam que somente com a união entre eles é que poderiam reverter situações ameaçadoras. Por isso, muitas delas constituíram associações, cooperativas e instituições para expor e ter suas necessidades atendidas dentro da legalidade e da legitimidade de suas causas.
Como a extensão territorial brasileira é enorme e as comunidades tradicionais interagem diretamente em seu meio, é notória a existência de muitas delas com grandes diferenças entre si. São mais de 25 comunidades tradicionais organizadas, com diferentes denominações, que lutam pelo direito de preservar seu modo de vida: vazanteiros, isqueiros, apanhadores de sempre-vivas, seringueiros, andirobeiras, retireiros e assim por diante. Essas comunidades são representantes da nossa cultura, das nossas riquezas e dos nossos ecossistemas, ou seja, demonstram toda a mescla que é o povo brasileiro.
Nesta obra, apresentamos dezessete dessas comunidades, espalhadas por nosso vasto território nacional. Um pequeno recorte da grandeza das tradições culturais de nossa nação.
É respeitando as diferentes formas de viver e pensar e preservando relações sadias entre diversificadas culturas que construiremos, com base no diálogo e na troca de experiências, o país que sonhamos. Que seja bom e justo para todos, para aqueles que já estavam nesta terra, para quem foi trazido à força e para os que aqui aportaram. Afinal, hoje somos todos um só.